Uma das grandes tentações dos ladrões é o ouro . Portanto , a exposição duma grande quantidade deste metal não beneficia a sua portadora , pois poderia levar a roda de «pouco tino » , «atolambada» , « desgovernada » , «desacautelada » . Uma grande quantidade de ouro em deslocações da casa à feira , nas suas fainas agrícolas , ( nestes dois casos não mais que as arrecadas ou botões e o colar de contas com o respectivo «penduricalho» e um cordão no primeiro ) ou numa missa normal de Domingo , ( acrescentando neste caso mais um cordão e um alfinete ), não prestigiará a sua portadora . Bem diverso será quando o busto da mulher , for abundantemente adornado em circunstâncias muito especiais , como as da sua mordomia, do seu casamento , da sua incorporação em qualquer cortejo nupcial , ou em actos festivos no dia do Santo Padroeiro da freguesia , mas nunca de forma exagerada , como muitas vezes vemos em cortejos etnográficos .
Ir ao Notário a fim
de legalizar um determinado negócio , muito especialmente na venda duma
propriedade , obriga a que as mulheres das partes , se apresentem
ouradas com um certo exagero ( não muito ) , para demonstrarem à sociedade que
, se vendem não é por necessidade financeira , mas sim porque
surgiu uma óptima oportunidade de venda , e que quem comprou , não foi
obrigado a desfazer-se do seu ouro .
A visita com o
marido e os restantes elementos do agregado familiar , a amigos ou familiares
que moram longe , dá lugar a que se mostre o seu ouro, pois daí poderá
resultar numa óptima oportunidade para garantir « um bom encosto » para o filho
ou filha ( hoje usam-se , para além destes , os mais variados sinais exteriores
de riqueza ) .
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